Dona Iria da Conceição Maia Rodrigues (1938-2023), portuguesa, mãe do Pinhogeac, desde pequena ajudava seus pais a cultivar as hortas nas chamadas aldeias e estâncias, os trabalhos começavam cedo, o almoço era nove horas da manhã, trabalhavam durante todo o verão plantando e colhendo para armazenar comida para enfrentar o inverno onde a neve caía e cobria toda a plantação e toda a aldeia ao ponto de ao saírem de casa tinham que tirar a neve com a pá para que pudessem abrir a porta. Todo o deslocamento com carga era feito nos lombos de burros e cavalos. Não existia fogão a gás, tudo era cozido no fogão à lenha, era um sofrimento pois durante o inverno a lenha era escassa. O forte da sua alimentação eram verduras, batatas, peixe, pão integral e vinho. O pão era feito com o trigo plantado e colhido na própria fazenda. Apesar de toda a dificuldade a alimentação era saudável à base de vegetais quase não se usava carne, o uso da carne praticamente era só nas festas de final de ano, não se tomava café. Dificilmente alguém ficava doente, na época todos morriam com todos os dentes intactos na boca conforme nasceram. Sua mãe era uma excelente padeira, o pão naturalmente era integral e os produtos colhidos eram vendidos em cidades fora da aldeia onde tinham que levar os produtos nos lombos dos animais que eram muito bem tratados e viajavam através de léguas e léguas para vender nas feiras em outras aldeias. E quando voltavam já era noite e tinham que enfrentar os lobos que uivavam aterrorizando ela e sua mãe. O pai tinha uma taberna onde vendia vinho, água ardente, chouriço e outros utensílios, mas era viciado em jogo. Mesmo assim quando não estava ajudando a mãe na labuta estava ajudando o pai na taberna. Suas recreações eram participar de festas e peças de teatro promovidas pela escola e a igreja católica local. Até ser acometida pela ilusão de vir para a cidade grande, Brasil, sua maior tristeza foi quando durante a vinda de navio a tripulação informou que já estavam em águas brasileiras, então ela lembrou da canção do português Roberto Leal que o que ela achava que a vida sofrida no campo era pobreza agora na cidade grande ela viu que a vida que ela levava é que era a riqueza. É serva de Deus, vegetariana por convicção, com 83 anos não se naturalizou brasileira e com certeza era uma guerreira do campo, graças à Deus!